quarta-feira, 25 de março de 2009
TIMIDEZ*
Acerca do tema, fui tímido. Muito, por sinal. Escondia-me dentro de mim como uma avestruz em seu buraco a lhe tapar apenas a cabeça. Não gostava de olhares diretos nem de muita gente ao redor, principalmente se me conheciam. Câmeras fotográficas, apesar de não tê-las evitado, causavam-me desconforto. Não me sentia bem com elogios apesar de os amar.
...........................Lembro-me de as pessoas acharem isso lindo. Diziam: Olha que gracinha! Ele é tímido!
E lembro-me também de muitos considerarem-me, em primeiro momento, indiferente.
.........................Acerca do tema, percebi, lendo em meu espelho e nos reflexos próprios do olhar das pessoas, que o que eu precisava não era admitir para todos e para mim mesmo que eu era tímido. Eu precisava era saber porque eu era tímido. De onde vinham os motivos e quais os eram, de meus rubores?
.............................Percebi que o meu medo de ser observado ou estudado me era motivo para esconder. Sabe porquê? Porque eu não queria que soubessem de meus defeitos. Não queria que as pessoas os fitassem ou os descobrissem em mim. Aliás, mesmo não sendo defeito isso ou aquilo que eu escondesse, não queria arriscar uma consideração alheia na qual alguém pudesse considerar-me imperfeito. Eu precisava manter a perfeição! E para que, se não adiantava?
..............................Aceitar-se, observar-se com ternura, não temer julgamentos, julgar menos, enxergar mais beleza nas coisas sem criticar tanto e com tanto negativismo, não querer ser perfeito pelo fato de saber que a perfeição está nos contrastes e, principalmente, ser humilde, foram atitudes percebidas por mim que muito me ajudaram a aproximar-me das pessoas e de mim mesmo.
..............................Alguém deve estar se perguntando: O que teria a ver ser humilde com a timidez? Eu digo: Tudo, ou melhor, nada. Ser humilde não é sair de onde se está e cumprimentar a todos. Não é ter muito dinheiro e ser solícito. Ser humilde é aceitar-se como se é, mudar-se quando se sente com esta necessidade, e assim, poder desfrutar de si mesmo aceitando nos outros suas características sem chamá-las de defeito.
................................É o orgulho que nos faz temer que não nos vejam como somos, ou que nos critiquem, ou que nos estudem, que nos olhem. Os problemas existentes entre quem julga e quem é julgado são todos de quem julga. Já que, baseiam-se em si mesmos os que apontam nos outros, seus próprios defeitos.
..............................Quando tiramos uma foto, nossa timidez diz: Cuidado, você será observado e criticado por outros. Aí, essa voz passa a gritar antes do “clik” e você foge dos flashs, privando, muitas vezes, alguém que lhe goste muito de ter uma saudável lembrança sua, ou a você mesmo de se curtir em imagem. Repare que se a foto fosse tirada para que apenas você, e somente você, visse, não haveria problemas. E se houvesse, seria coisa de amor próprio, certo?
.............................Aceitar-se e amar-se são atitudes humildes e, portanto, não lhe induzem a privar-se de fotos, olhares, atenções e convivências. Além disso, abrem-lhe a consciência de que receber elogios faz bem e você só precisa dizer: “Obrigado!”
(Victor Chaves)
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Um comentário:
Com tudo o que você disse, me identifico muito, minha timidez tem por muito tempo sido, orgulho reprimido, um medo de criticas inúteis, por pessoas que apenas julgam por aparências. Mas com ajuda de pessoas que me amam tenho me melhorado cada dia mais. Cada pequeno passo que dou para uma grande mudança dentro de mim.
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